O uso de materiais como fundamento no desenho de fachadas arquitetônicas

A fachada é um dos elementos mais significativos de um edifício — não apenas define sua aparência, como também desempenha múltiplas funções essenciais: atua como barreira de proteção, regula a entrada de luz natural e ventilação, contribui para o conforto térmico e acústico e estabelece uma linguagem formal que dialoga com o entorno urbano.  

No cenário contemporâneo, em que as exigências por eficiência energética e integração com a paisagem são cada vez mais intensas, a escolha dos materiais deixa de ser uma etapa de acabamento para tornar-se parte estrutural da concepção arquitetônica. Pesquisas como as publicadas pela Environmental Design Research Association (EDRA) apontam que o comportamento térmico, a durabilidade e o desempenho global de uma edificação estão diretamente ligados à qualidade dos sistemas de fechamento externo.  

Atento a esse panorama, o escritório RubioLuongo Arquitetos tem investigado soluções construtivas que associam desempenho técnico à linguagem arquitetônica. Em seus projetos, materiais como concreto aparente, brises metálicos, madeira tratada, painéis cerâmicos e vidro são utilizados não por mera estética, mas como resposta às condições específicas de cada implantação — orientação solar, ventilação cruzada, controle de opacidade e manutenção.  

“Em muitos casos, o material escolhido determina como o edifício irá envelhecer. Uma decisão equivocada pode comprometer o desempenho e a percepção arquitetônica ao longo do tempo”, observa o arquiteto Demósthenes Magno, responsável pela concepção das fachadas no escritório. “Por isso, partimos sempre da lógica do projeto e das demandas do entorno.”  

Ao combinar materiais distintos, criam-se variações sutis de textura e ritmo, resultando em fachadas que se modificam ao longo do dia conforme a incidência de luz e a movimentação do entorno.  

Mais do que revestir, os materiais de fachada estruturam a experiência sensorial do edifício na cidade. Eles moldam a forma como a construção será percebida com o tempo — por quem nela vive, trabalha ou simplesmente atravessa seu espaço na dinâmica cotidiana da paisagem urbana. 


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